domingo, 25 de fevereiro de 2018

Eu Sou Malala (Resenha) - Luna.

Oi, gente, tudo bem com vocês? Há uns quatro dias atrás, eu terminei de ler provavelmente um dos livros mais fantásticos da minha vida.

Eu Sou Malala conta a história de uma das mulheres mais fortes e corajosas desse século.



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SinopseQuando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.

Eu comecei o livro com a ideia de que estava para ler a biografia da garota que foi baleada pelo Talibã. Mas Eu Sou Malala fala sobre uma história de batalha contínua a favor do direito à educação para meninas, antes, durante, e depois do ataque. Malala é uma ativista pelo direito das meninas muito antes disso acontecer, e continua sendo até hoje.

Mas eu acho que, o que mais me fez ficar encantada por ela, é o quão normal ela é. Malala não é nenhum tipo de ser divino bom-demais-para-esse-mundo e que por isso tem a capacidade de salvar pessoas. Ela com certeza é de uma espiritualidade e maturidade absurda, muito elevada para sua idade, tem uma força que, nossa, é enorme, mas ela continua sendo uma menina de 12, 13, 14, 15 anos durante o livro, e ela menciona Crepúsculo, briga com sua melhor amiga por motivos bobos, e há duas razões do por que eu gostar disso: significa que ela preservou sua adolescência, mesmo crescendo no meio de tantas guerras e conflitos por petróleo, e também mostra o quão humana ela é. E isso, para mim, é tão importante porque significa que você não precisa ser nenhum Jesus Cristo para ajudar as pessoas, lutar por direitos, e conseguir fazer a diferença. Malala tinha menos de 14 anos quando começou a advogar pelo direito de garotas paquistanesas à educação, e pra mim isso é tão grandioso porque mostra para nós, tantas outras meninas com seus poucos anos de vida, que a gente também é capaz.

Já deu para ter uma ideia da minha admiração por ela, mas você só consegue realmente entender o quão grandiosa é a existência dessa garota lendo Eu Sou Malala.

Recomendo esse livro para você que tem 10 anos, para você que tem 20, 30, 70 anos. É uma escrita fácil, que contextualiza vários dos acontecimentos do Paquistão nos últimos 20 anos (ou seja, é uma aula de História gigante), cheia de espiritualidade, ativismo e reflexão.

Como sempre faço quando recomendo um livro aqui, eu vou deixar algumas das citações que mais me marcaram, e tentar não extrapolar a marca, porque são muitas.

"Há duas forças no mundo: uma é a espada e a outra é a caneta. Há uma terceira força, mais poderosa: a das mulheres."

"(...) meu coração me disse: "Por que você não luta pelos direitos das mulheres?"

"Aprenda apenas o que Deus diz. As palavras Dele são mensagens divinas que você tem toda a liberdade e independência para interpretar."

"Quando enfeitávamos nossas mãos com hena para os dias santos e os casamentos, desenhávamos cálculos e fórmulas químicas em vez de flores e borboletas."

"Tínhamos medo, mas ele não era tão forte quanto nossa coragem."

"(...) Certa vez falou para uma grande concentração de pessoas. Pegou no colo uma bebezinha que estava na audiência, levantou-a no ar e disse: "Esta garota é o nosso futuro. Queremos que ela seja ignorante?"

"Embora amássemos estudar, só nos demos conta de quanto a educação é importante quando o Talibã tentou nos roubar esse direito."

"Educação é educação. Deveríamos aprender tudo e então escolher qual caminho seguir."

"Em Washington, o governo do presidente Obama anunciara havia pouco o envio de mais de 21 mil tropas para o Afeganistão, a fim de tentar virar a guerra contra o Talibã. Mas agora pareciam mais alarmados com o Paquistão do que com o Afeganistão. Não por causa de meninas como eu, nem por minha classe ou escola, mas porque nosso país tem mais de duzentas ogivas nucleares e existe a preocupação quanto a quem irá controlá-las."

"Em nossa cultura, não se espera que as mulheres se misturem com homens que não são seus parentes. A fim de proteger a purdah* das mulheres, os homens das famílias que hospedavam os refugiados sempre dormiam fora de suas casas. Eles se tornavam, voluntariamente, pdis**. Esse era um exemplo da surpreendente hospitalidade pachtum."

"Não há nenhum trecho no Corão que obrigue a mulher a depender do homem."

"Só lamentei não haver tido a chance de falar com eles antes de me atingirem. Agora, os talibãs nunca ouviriam o que eu queria lhes dizer. Não tive um único pensamento ruim em relação ao homem que me baleou - não tive ideias de vingança. Só queria voltar para o Swat. Queria ir para casa."

"Sentar numa cadeira e ler livros com todas as minhas amigas, em uma escola, é um direito meu."

*segregação ou reclusão das mulheres, com uso do véu.
**pessoas deslocadas internamente.

Para finalizar esse post, eu queria divulgar aqui o Fundo Malala. É a organização criada por ela para lutar ativamente pelo direito de meninas e meninos ao ensino, e vocês podem ajudar doando dinheiro. Não apenas isso, como há também vários depoimentos de meninas que lutam por seus direitos, e informações sobre o posicionamento das grandes potências diante desses problemas.

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