quarta-feira, 13 de abril de 2016

BIME #10 - Luna.

Boatos de que em seus bime mais profundos, é onde Scamander mais comete gafes de gramática. Então, perdoem por qualquer erro? Até que gostei desse texto, e lendo em voz alta com meu sotaque baiano ficou ainda mais gostoso. Eu tinha outra coisa pra falar, mas já esqueci. Enfim.




Estou começando a me perder, sussurro. Acho que, na verdade, já me perdi; continuo falando. Tenho quase certeza, porque toda vez que olho para trás, há uma barreira quilométrica entre meu eu de agora e o de antes. Eu costumava saber descrever o tamanho dessa barreira, seu motivo, porquê ela surgira, quando surgira. Hoje em dia estou perdendo a única coisa que sei - escrever. A única coisa que verdadeiramente sei fazer nesse mundo, sem nenhum esforço. E ultimamente, não me vejo mais fazendo isso. Pisco, os olhos cheios de lágrimas. Para falar a verdade, eu nem sei se escrevo bem, mas sei que escrevo. E que essa é a única coisa que sei fazer; se faço bem ou não, isso já não cabe a mim. Escrevo para alguém, não para mim mesma, como vou saber se estou fazendo isso certo ou não? E então me conserto, um nó imenso na garganta - não sei se escrevo mais, sei que escrevia. Escrevia para alguém, e diziam que era boa. Hoje em dia, nem mais escrever faço, quem dirá duvidar se o faço bem ou não. É assim que vou me perdendo, perdendo a única fibra de mim que sei que é real, e que achava ser eterna. Porque para mim é fácil escrever. Digo que não quero, grito e esperneio quando me dizem; e a escrita, já pensou em dar propósito? Não, não penso. De jeito nenhum. Escrever é a única coisa que sei fazer, imagina se mostro isso para alguém e depois desaprendo? Longe de mim! A escrita eu guardo bem guardado, sem planos para o futuro. Não escreverei. Não, não. E não. Sei o que está fazendo, conheço seu truque. Me mandará escrever e me fará ganhar dinheiro, e quando perceber, vou estar com uma editora no meu ouvido, dinheiro aos meus pés e a habilidade de escrever distante de meus dedos já cansados. É assim que acontece; você descobre um hobby, segreda-o até que necessite mostrar para alguém, lhe convencem a mostrar para outra pessoa e quando vê, já não é mais segredo, quem dirá hobby. É obrigação. E de obrigação passo longe. Acho que é esse medo que está me limitando; talvez seja. Agora que parei para pensar, deve ser isso mesmo. Parei de escrever porque tenho medo de nunca mais o fazer. Parei de escrever com medo de desaprender. Confuso. Mas sou assim mesmo. Assim como sou, e me conhecendo bem, é capaz de parar de escrever por medo de não saber mais e, quando a coragem voltar, tocar no papel e quando ver, já não saber mais formar palavras. Ter desaprendido a ser eu. Não saber mais dizer meu início, meu fim, os motivos da metade e o tamanho da barreira que me impede de determinar quem eu era antes e quem eu era depois. Mas ora essa.

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