quarta-feira, 16 de março de 2016

- Luna.

Eu tô aqui pra falar uma coisa bem séria. E que me deixa puta.

Eu não vou tolerar piada sobre estupro. Eu não vou tolerar piada sobre homofobia. Eu não vou tolerar piada sobre racismo. Eu não vou tolerar piada sobre qualquer tipo de preconceito. Eu não vou rir, e também não vou ficar calada vendo branco cis hétero achando que é fodão porque chama gay de viadinho e negro de marginal. Eu não vou ficar quieta vendo alguém tratar estupro como brincadeira, porque eu já vi mina sendo calada porque quando finalmente teve coragem de dizer que sofreu abuso, ninguém levou isso a sério. Eu não vou ficar calada e esperar que falem de heterofobia, de racismo reverso, de que porra faça das massas opressoras as vítimas quando isso é tudo o que elas fazem; oprimem.

Porque é assim mesmo, brincando de estupro, soltando essa palavra pela língua de uma forma tão natural, tão comum, como se não fosse nada de mais, como se fosse um elogio (oi?!), que a gente para de discernir as piadas do papo sério, e quando macho chega e diz que foi brincadeirinha, um beijinho só, um toquinho só, a gente não vai mais ser capaz de saber se foi só isso mesmo. E cá entre nós, não foi.

Porque é assim mesmo que quando chamam gay/pan/bi/não-hétero de viado, de bicha, de sapatona, a gente não sabe se é piada ou é homofobia. Não é. Porque quando um adolescente queer de 14 aparece em casa, chorando, com olho roxo e boca sangrando, a gente leva esse caso pra justiça e o agressor vai fazer piado e dizer que a pessoa era muito "florzinha" e não aguentou uma brincadeirinha leve. Leve. Leve é a seriedade com que a gente trata um adolescente que vai ser completamente traumatizado o resto da vida porque resolveu dizer que amava menino/menina/alguém que o tirou do rótulo "heterossexual".

Então não vem me dizer que é piada, porque não é. Cresce um pouco, ganha maturidade e começa a ver que esse assunto é sério. Que machismo não é mito, e que femicídio tá aí pra provar o contrário. Que as taxas de suicídio cometidos por pessoas queer, os níveis de depressão da comunidade LGBT+, a quantidade de garoto gay que tem que ser forçado a uma heterossexualidade compulsória pra evitar passar por isso tudo -- essas coisas só aumentam.

Então não vem me dizer que foi piada, que é pra eu ser mais tolerante, porque eu não vou ser. Eu já passei da intolerância meu amigo, é melhor você achar outro nome pra isso que eu tenho. Eu tenho ódio, eu tenho raiva, eu tenho ânsia por todos aqueles que acham que porque é hétero cis e branco tem algum direito dado à Deus de fazer piada, chacota, humilhar quem não é.

"Fica calma, isso daí não é tão sério?" Ah, não é?!

Da próxima vez que quiser me fazer rir, tenta ser engraçado e não preconceituoso.

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