sábado, 17 de janeiro de 2015

Crônica (5) - Luna

'Ello, todo mundo! Primeira crônica de 2015, olá! Estava com essa ideia há algum tempo, mas não sabia como escrevê-la e bem, deu nisso. Não sou muito boa com ones, mas eu particularmente adoro escrever crônicas, especialmente na segunda pessoa - talvez tenha lido muitos imagines (carrot, cof cof), mas só talvez. Espero que gostem e whatever, vou tentar resenhar o primeiro capítulo de Faking It logo. 
xx Luna.

 


Sua primeira paixão fora uma bolsa Prada. Fútil, talvez? Vaidosa, com certeza. Filha de uma dona de casa e um músico frustrado, você achava que merecia aquele tipo de mimo.
Logo, vieram os sapatos MiuMiu. Céus, como você lutou para comprá-los. Triste foi quando você descobriu que eles eram da estação passada, mas para você realmente não importava. Colocou-os em cima de um travesseiro e admirou-os por horas, esperando pelo momento em que eles, no futuro, seriam edição de colecionador e você pudesse vendê-los num leilão por algo mais novo.
E então vieram as preciosas alpagartas. Foram uma febre. Você não conseguia vê-las sem comprar pelo menos um par. Não importavam para você se já tinham saído de moda ou se eram hippies demais para o mundo fashion, você estava obcecada por aqueles sapatos. Completa decepção foi a sua ao encontrar aquela vagabunda calçando um par parecido com o seu. 
Tratou de se desapaixonar logo.
Dessa vez por óculos Gucci. Chegava a ficar sem comprar o almoço, juntando dinheiro para aquelas belezinhas. Sua mãe chegou a forçá-la a gastar porque você estava simplesmente enlouquecendo por um par de óculos. Mas para você, não era um par de óculos, eram um par de óculos Gucci.
Perguntaram-na onde estava com a cabeça várias vezes. Você chegou a responder que em lojas Chanel, nos tecidos caros importados da Índia ou até naquela nova coleção de perfumes assinados pela Aguilera. Teve até uma vez que você viajava só pensando naquela boyband febre, mas foi passageiro. Seu negócio mesmo eram aqueles brincos novos da Dior ou as luvas da Burberry.
Disseram-na para se tratar. Oh, você se tratava. Starbucks também era febre aquela época, então você se alimentava constantemente com aquelas donuts e, vez ou outra, com as fofocas que as atendentes espalhavam sobre as celebridades do momento.
Sua vida estava maravilhosa, quem dissesse o contrário estava com inveja. Para uma garota que nascera num subúrbio, comprar uma casa próximo ao centro com três quartos e uma suíte era algo bom demais, não? E aqueles que lhe diziam que aquela era uma casa muito grande e que você deveria procurar alguém para dividir o que chamariam de lar (ew) eram os mesmos que estavam condenados a viver o resto de sua vida com maridos bêbados e mulheres plastificadas.
Você estava muito bem sozinha. Sozinha não: autossuficiente.
Foi então que, comprando aquela nova coleção da Chanel, você encontrou-o. Topete rebelde, tórax exposto e camisa desabotoada. Aparentava ter mais de vinte, então você foi lá e sorriu para ele. Mentes estreitas julgariam uma mulher mais velha que o parceiro, mas você pensou que, pela primeira vez, talvez não ligasse tanto paras rótulos.
Até que descobriu que aquela era o filho de seu chefe. Puta merda, filho. Se seu chefe tinha trinta e nove, aquele menino tinha dezessete anos. Dezessete. Você não era uma aproveitadora, afinal, por que não o mandava embora?
Mas logo, estava indo buscá-lo no colégio e deixando que ele sujasse sua bolsa Chanel com as mãos melecadas de ketchup enquanto paravam num McDonald’s qualquer e ele ria de seu desespero por causa do Candy Crush. Ele tinha dezessete, mas era esperto. E fazia com que você se sentisse livre. Livre de tal forma que quando aqueles sapatos MiuMiu voltaram para as passarelas, você pensou que talvez não se importasse tanto com aquilo, porque talvez, só talvez e pela primeira vez, você não precisasse se apaixonar por coisas materiais.
Porque você tinha achado alguém, com toda a sua maturidade precária e anos a menos, seus cabelos despenteados e cantadas fajutas, festas sexta-feira à noite e amigos sexualmente frustrados. Alguém bem real, inclusive. E para você, aquilo soava melhor que aquela bolsa Prada já antiga. 

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