Por Que Eu Amo Pra Caralho Meninas Adolescentes (Uma Dissertação Pessoal de uma Quase Adulta)

Alguns meses atrás, eu fui pra uma grande reunião de família na casa dos meus avós e encontrei uma prima minha. Ela parecia muito mais velha desde a última vez que eu tinha a visto (ah, a passagem do tempo), então eu perguntei para ela quantos anos ela tinha. Ela respondeu, "Ah, eu tenho quinze." E minha reação imediata?
"Ai meu deus, eu sinto muito."
Ela riu, o que me dá um pouquinho de esperança de que, talvez, para ela, ter quinze não seja um pesadelo completo. Mas eu acho que ela entendeu o que eu estava dizendo em algum nível. Quinze é, sem sombra de dúvidas, a pior idade. Espere, talvez catorze. Treze? Os doze foram bem ruins, também. Foda-se, todos eles foram uma merda. Nada resume melhor o que é ser uma adolescente do que essa simples frase de The Virgin Suicides: "Você nem é velha o suficiente pra saber o quão ruim a vida fica." "Obviamente, Doutor, você nunca foi uma garota de treze anos."
É incrível, sério. Eu passei minha infância inteira contando os dias até que eu pudesse ser uma adolescente. Eu planejei tudo perfeitamente: Eu iria as compras com amigas sozinha no centro da cidade aos catorze, beijaria garotos bonitos aos quinze, perderia minha virgindade aos dezesseis, dirigiria um carro bonito aos dezessete, e iria para universidade para ter experiências ainda mais incríveis aos dezoito. Minha vida seria a porra de um comercial, estrelando eu, minhas melhores amigas, e Jordan Catalano. Ela iria acontecer.
Até que não aconteceu.
Agora, não me entenda errado, eu realmente tive alguma dessas coisas na minha lista. Eu dirigi uma linda VW Beetle azul bebê e eu acabei indo para universidade. Eu sou mais sortuda que a maioria. Mas onde estavam os garotos? Onde estavam as roupas bonitas? Quem pegou minha fantasia e derramou uma bolsa fervendo de suco de lixo quente nela?
A gente vende essa ideia de o que sua vida será para adolescentes desde a porra do início. Para ser honesta, isso é publicidade, certo? Vendendo para você a vida que você quer, não importa qual idade? Bem, infelizmente, menininhas não conseguem ver através da porcaria. A gente internaliza tudo isso. E é isso que faz a dificuldade de ser uma adolescente ainda maior.
Eu fui jogada dentro do pote de merda fervente bastante cedo. Eu usava um sutiã aos nove, lidava com um ódio em relação a mim mesma aos dez, e aos doze, eu estava oficialmente até as bolas dentro disso. E isso não foi embora. Entre os doze e (eu serei generosa e direi) dezessete, todo o lixo só continuava a circular através do meu sistema. Ele só iria desenvolver, ou se apagar, apenas para irromper com a mais leve irritação. É isso que ser uma adolescente é: você está cheia de veneno. Na maior parte das vezes, você se envenena de novo e mais uma vez, mas às vezes vaza um pouco de você e vai em direção a outra pessoa.
Aos doze, a maioria das meninas entende a real tristeza. Os doze, embora pareça tão jovem para nós agora, parecia bem velho naquela época. A esse ponto, já foi te dito como ser, e você percebeu que não está crescendo. Aos doze, sua pele já é uma merda, e seu corpo está muito flácido ou seus seios ainda não apareceram ainda. O pior de tudo, quando você é uma menina, aos doze você provavelmente já esteve numa situação que te fez se sentir sexualmente ameaçada. Deixe isso afundar. Do topo da minha cabeça, eu consigo pensar em quatro momentos na minha vida, antes da idade dos doze, em que alguém passou da linha comigo. Quatro. Isso não é anormal.
Aos treze, você já está preparada para se destruir. Quando você é uma adolescente triste, você testa um monte de coisas, vê quais caminhos funcionam melhor para você. É como se você pudesse sentir o veneno borbulhando sob sua pele, o tempo todo. Eu reconhecia isso em outras garotas. Eu conseguia vê-las rasgando a pele delas, atacando os outros, tentando tudo que podiam possivelmente imaginar. Então elas se cortavam, se deixavam doentes, gritavam com suas mães, fumavam, bebiam, mandavam foto para a pessoa errada, faziam coisas que elas poderiam não querer fazer. Porque literalmente qualquer coisa, qualquer coisa que possa fazer as coisas irem embora por cinco segundos, valem a pena.
Aos catorze, eu me sentia como uma veterana. Na minha cabeça, eu havia visto algumas merdas, cara. Eu havia sentido alguns sentimentos, porra. E honestamente, eu achei que as coisas estavam melhorando. Eu ainda estava um pouco quebrada pelas coisas que haviam acontecido no fundamental, mas hey, esse é o ensino médio! Eu vinha sonhando com isso desde sempre! Tinha que melhorar, certo?
Aos quinze, o otimismo em mim havia morrido. Eu acordava todo dia com uma âncora no meu peito. Eu fui de uma sólida estudante B para quase repetente. Eu não saia com amigos, porque repentinamente eles estavam espalhando-se, encontrando pessoas novas, e eu não sabia como lidar com isso. Meu medo eterno de homens não me fez realmente nenhum favor com meninos. Quando você se encolhe toda vez que eles movem uma mão muito rápido, e acha quase impossível olhar para eles no olho sem querer vomitar, você não é muito chamada para sair. Minha mãe não sabia o que fazer comigo, então eu passaria o dia todo, todo o dia, trancada no meu quarto. Universidade? Uma porra, cara. Eu mal conseguia tirar minha bunda da cama como um pedido diário básico, como eu poderia possivelmente querer continuar minha educação?
Dezesseis foi... diferente. Bom ou ruim. Eu havia acordado da morte, mas não é como se as coisas fossem simplesmente ir embora. Eu estava indo bem na escola, eu comecei a pensar sobre universidade novamente, e eu até saia com amigos às vezes. Mas as coisas não estavam boas internamente. Eu me entreguei a um comportamento extremamente doentio, o qual passou completamente despercebido. Tanto faz. Ainda é meio que um borrão para mim. O que eu posso dizer? Eu sou uma quase adulta, eu tenho permissão de não ter tudo resolvido.
E então, como o sol ascendendo, dezessete aconteceu. Eu melhorei. Eu dei duro. Eu tinha uma meta, e eu estava ascendendo ao desafio. Eu realmente gostei da escola, e às vezes, eu até fui a festas (e me diverti um pouco!). Eu ganhei controle suficiente sobre meu comportamento doentio para começar a me curar, mesmo que o processo tenha sido dolorosamente lento. Eu finalmente entendi como é acordar e estar bem. Eu me graduei no ensino médio e fui para a universidade da minha escolha. Não feliz para sempre, mas eu salvarei isso para uma outra vez.
Agora, se você ainda está lendo isso, você deve estar confuso. Por que eu estou listando todas as coisas ruins que eu senti entre as idades de doze e dezessete? Se você odiou tanto ser uma adolescente, por que você as ama?
Porque mesmo com cada porra de coisa que uma adolescente tem que lidar com, elas ainda conseguem fazer algo tão surpreendente, ainda que completamente simples: amar, descaradamente.
Você sabe dessas garotas que todo mundo gosta de falar merda? Aquelas que realmente amam algo pra caralho? Essas garotas, cara. Elas pegam toda aquela energia, todo aquele fogo circulando em suas veias, e ao invés de deixar isso destruí-las, elas escolhem amar, ferozmente. Seja isso uma banda, ou um livro, ou uma série de filmes. Elas fazem isso para se manterem sãs, e ainda assim a gente faz piada delas por causa disso. Adolescentes encontram uma boia para elas no mar de ruína emocional, e elas se seguram mais forte que qualquer um.
Uma das formas mais populares de se odiar adolescentes é reclamar sobre as paixonites "insanas" em membros de boy band. Agora, deixe-me te dizer uma coisa: essas grandes paixonites bobas são o que ajuda uma adolescente desenvolver sua sexualidade num ambiente seguro que ela consiga controlar. No mundo dela, ela pode escutar One Direction e ouvir todas essas músicas sobre o quão incrível ela é, e o quanto esses garotos fofos não-intimidadores querem fazê-la se sentir especial. Por que isso é tão importante? Porque ninguém está forçando-as. Não há nenhum garoto de catorze anos enfiando suas mãos pegajosas por baixo da blusa delas sem consentimento. Esses garotos de fantasia não estão convencendo uma garota a mandar fotos nuas, apenas para mostrar para todos os seus amigos e chamá-la de puta. Na ilha fantasiosa de boy bands, a garota tem todo o poder. E a gente precisa parar de julgá-las por querer escapar dentro dela.
Eu amo adolescentes porque mesmo que elas se odeiem, elas amam outras pessoas. Eu lembro de como eu me sentia, vendo outras meninas passarem pelo que eu estava passando. Me arruinava. Eu queria tão desesperadamente ajudá-las a sair da sujeira, mas quando você mesma afunda, não há muito que você pode fazer. Adolescentes entendem, e elas querem ter certeza que ninguém sinta o mesmo que elas sentem. Eu vejo isso em websites como o Tumblr o tempo todo. É bonito pra porra.
Eu amo adolescentes porque a sociedade as culpas por tudo. A adolescente narcisista é sempre o rosto do "problema" com a juventude hoje. Aparentemente, essas jovens superficiais que amam seus iPhones demais são o problema. Não as, sabe, pessoas condicionando-as a acreditas que seu valor está agarrado ao tanto de likes que elas ganharam na sua última selfie. Não, você tá certo, vamos focar nas garotas que postam muito no Facebook. Ótimo.
Eu estou na escola de cinema agora, então frequentemente me perguntam, "Que tipo de trabalho você quer fazer?" Normalmente, eu não tenho uma resposta. Bom trabalho, eu acho? Mas pensando sobre isso, eu sei o que eu quero fazer: eu quero fazer filmes para adolescentes. Estórias sobre adolescentes com ação, que se rebelam, que pegam toda aquela energia e canalizam em alguma coisa, mesmo que não seja necessariamente positivo. Eu quero representar as meninas que amam demais. Porque eu fui uma daquelas meninas, e eu sempre carregarei uma parte daquilo comigo.
Então apenas tente e fale merda sobre adolescentes ao meu redor. Só tente.
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