sexta-feira, 25 de julho de 2014

Crônica (2) - Luna

Realmente estou gostando de escrever crônicas. Caso tenham percebido, não, não darei nome aos meus personagens tão cedo, estou cansada desses amores impossíveis. Qual o problema de colocar alguns fatos verídicos em suas histórias, afinal? Well, I hope you enjoy :)





Um, dois, três... não adiantava, podia chegar ao infinito e não conseguiria dormir. Já deviam se passar da meia noite e ela mantinha-se acordada. Sabia que tinha que acordar cedo na manhã seguinte, mas sentia-se tão extasiada que não conseguia regularizar nem mesmo sua respiração; ainda sentia o efeito do momento em cada célula de seu corpo.
Passara a tarde toda pensando naquilo, sem realmente conseguir se concentrar em nada mais. Tinha deixado tantos trabalhos aquele dia incompletos que via a hora em que sua mãe escancararia a porta do quarto ao notar a gordura ainda presente nos pratos dentro do armário. Acabaria sem poder fazer nada no próximo dia, mas quem ligava?
Brincando com os lábios nas pontas dos dedos, ainda podia senti-los serem esmagados quando fechava os olhos.
Um beijo. Um beijo fora necessário para que ela se derretesse aos pés dele. O que era aquilo, santo Deus? Estava completamente submersa naquele mar negro que a encarara horas atrás.
Ela se lembrava de estar caminhando pelo parque antes de encontra-lo. Quer dizer, ele a encontrara e vinha seguindo-a por uns bons quilômetros enquanto corria, mas com seus fones de ouvido, ela não conseguiria ouvir muita coisa até chegar ao fim de seu percurso, quando, suada e nada apresentável, quase esbarrara nele. Tinha certeza de que ele estava atrás dela antes, mas não pôde perguntar o porquê, pois seus lábios foram imprensados no momento seguinte e ela se ocupou apenas com a sensação de ser beijada pela boca carnuda pertencente ao indivíduo a sua frente.
A primeira coisa que pensou foi que, puta merda, como aquele cara beijava bem.
Ainda embriagada pelo êxtase, notou o cheiro de suor misturado com creme de barbear que emanava dele e, por fim, sentiu o gosto. Era algo gélido, que com o choque arrepiara sua nuca, mas também era quente, despertando sensações das quais ela sentia falta por todo seu corpo.
Quando o beijo acabou e ela encarou-o, pôde ouvir algo como um "você devia correr mais devagar, garota" e viu-o ir embora, levando com ele, bem firme em suas mãos, uma chave que ela nem sabia existir. (Estão preparados para o mimim, certo?) Uma chave que abria a porta para uma manada de sentimentos atravessarem sua pele sem nenhuma permissão.
Tocando nos lábios como estava fazendo agora, ela deixou escapar uma risada melancólica. "Bem vinda de volta", ela sentia seu coração gritar.
Caralho, como isso fora acontecer?
Ela esmurrou a almofada, mas ainda mantinha aquele sorriso no rosto. Queria gargalhar alto por todos os pensamentos que passavam por sua cabeça, mas tinha dois gêmeos ao lado que demorariam de dormir novamente caso acordados.
Vendo a tela do celular piscar duas vezes na escrivaninha ela correu para ver a mensagem que recebera.
Talvez amanhã eu consiga alcançá-la mais rápido.
Aquilo não era uma pergunta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário