Carta de Amor aos Mortos - Resenha
Ava Dellaira (****)

"O que parecia uma simples lição de casa logo se transforma na
maneira de Laurel lidar com seu primeiro ano em uma escola nova e
com a família despedaçada depois da morte da irmã."
Li esse livro nas férias e, logo, o meu primeiro pensamento sobre Laurel, a personagem principal, era "que bobinha" ou "como ela é inocente". E não no sentido pejorativo da palavra (ok, talvez), mas sim porque ler sobre seus pensamentos e ver a forma como ela via o mundo é lembrar de uma criança de seis anos aprendendo o alfabeto. Mas isso logo parou, porque com uma escrita leve, a personagem passa por situações pesadas, detalhando-as em cartas.
"Ah, mas isso acontece todo dia." É comum você escrever, num intercâmbio por exemplo, para seus pais ou amigos contando os detalhes da viagem, mas então imaginando que aquela era a viagem da Laurel, ela detalhava seus acontecimentos com certa pureza para pessoas mortas. Famosos, para ser mais específica.
Janis Joplin, Judy Garlan, Kurt Cobain e Jim Morrison são apenas quatro dos nomes ilustres com quem Laurel interagem ao longo da trama, pondo todo seu coração em pensamentos, citando momentos de sua vida e, muitas vezes, da vida dessas próprias figuras.
O que para uns é uma tarefa para aula de inglês, para Laurel torna-se algo maior. Tão grandioso que ela realmente se apega a essas pessoas e, quando vemos, também estamos ligados a história.
Mas o livro não é só esse açúcar todo, não. Laurel passa por problemas. E acho que talvez seja por isso que a autora preferiu dar uma escrita mais suave com tantos problemas na vida de Laurel. Tem as melhores amigas que se amam, a irmã que morreu, a mãe que foi embora e o pai, que, como ela, ficou sozinho no mundo.
Embora muitas vezes você chegue a ficar com raiva da Laurel, meio que dá para entender. Veja bem, ela perdeu a irmã que idolatrava. Era deus no céu e May (sua irmã mais velha) na Terra. Ela era A para Laurel. E quando May morre e ela assiste, é um baque. E mesmo que ela vá para uma nova escola com o pretexto de tentar recomeçar sem os olhares de pena direcionados a ela, nós sabemos que Laurel ainda é apegada a irmã quando vai para o baile com o vestido de festa dela e aparece na escola com seus suéteres de gola cortada. E meio que ela tenta ser a May. Porque para ela, tudo começou a mudar quando ela começou a agir daquela forma. Mas, na verdade, ela só se tornou mais corajosa.
E tem um garoto, também, Sky. Que é uma relação bem atípica dos livros que costumamos ler. Porque ele é misterioso, mas ainda é cuidadoso e romântico e um completo babaca, às vezes.
E com isso tudo, ainda há seus amigos.
Tem Hanna e Natalie, que se amam, mas tem que reprimir seu amor enquanto Hanna sai com os mais variados caras e Natalie sofre em silêncio. Tem Kristen e Tristan (<3), que são terceiranistas mais ligados a essa onda de drogas e paz e amor, e mesmo que nós olhemos meio torto para alguém que fuma maconha atrás da escola, eles são um dos casais mais adoráveis de toda a literatura. Além de praticamente assumirem o papel de pais da Laurel em determinados momentos. E tem sua mãe, também. Além de toda a história por trás da morte da May.
Não vou dizer que é completamente surpreendente o porquê a May morreu, porque ao mesmo tempo que você já esperava, é uma revelação. Logo de início, sabemos que Laurel estava com May quando ela caiu/se jogou/que merda tenha feito na ponte e, mas para frente, que ela falou algo que fez May se afastar de onde estavam. E então, aos poucos, ela vai começando a se acalmar e não entra em panico toda vez que ouve o barulho de água corrente. Mas, como disse, com um toque de inocência em cada frase.
Laurel é uma menina boba, sim, mas que passou por muita coisa e saber que ela ainda tem esse traço de inocência é bom, porque ela manteve sua aura intacta mesmo com tudo o que poderia quebrá-la, porque a história dela é uma pitada de Ensino Médio banhado de dramas adolescentes e a vida de uma garota que precisa aprender a crescer.
Carta de Amor aos Mortos é aquela livro que a gente pensa "vou aderir para a vida", e embora algumas pessoas achem alguns dos pensamentos contidos no livro equivocados, são profundos. E eu e minha mente limitada não conseguimos mais adjetivos para essa história ~momentos
Não é a melhor do mundo, claro, mas estou aqui dando a Ava Dellaira quatro estrelas pelo enredo envolvente, a escrita deliciosa e as personagens cativantes.
Essa foi a resenha de hoje, pessoal, espero que tenham gostado. Comentem para que nós possamos conversar ou, sei lá, me chamem no Twitter, no Nyah! e me indiquem fics no Wattpad, também.
"Laurel, você não poderia ter salvado sua irmã. Mas, querida,
você precisa se salvar. Faça isso por mim, pode ser?
Por que você vale a pena." - Tristan.
xx Luna.
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